Valentina e Heloá, de 3 anos, eram unidas pelo abdome e compartilharam diversos órgãos. As meninas passaram por quase 20 horas de cirurgia e estão em estado grave na UTI.
A mãe das siamesas Heloá e Valentina Prado, de 3 anos, contou que as filhas estão sendo fortes nas primeiras 24 horas de recuperação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Estadual da Criança (HECAD), em Goiânia.
“Estou mais aliviada com o sucesso da cirurgia. Minhas filhas são e estão sendo fortes nessa fase de recuperação hospitalar. A minha expectativa é muito boa porque elas estão vencendo cada dificuldade”, ressaltou Valdirene Prado, mãe das meninas.
Heloá e Valentina foram operadas pelo cirurgião Zacharias Calil na manhã de quinta-feira (12). O procedimento de separação dos corpos durou quase 20 horas devido à complexidade do caso.
O boletim médico desta sexta-feira (13) diz que Heloá e Valentina seguem internadas na Unidade de Terapia Intensiva pediátrica do HECAD em estado grave por causa da complexidade. As meninas fazem uso de medicação para sedação e alívio de dor e espiram por aparelhos.
“Em uso de medicamentos para manter a pressão arterial, já em diminuição das doses. Estão recebendo antibiótico, ainda em dieta zero, com programação de início de dieta via intravenosa”, relata o boletim.
As meninas eram unidas pelo osso da bacia, o que é denominado na medicina como gêmeos conjugados isquiópagos, que representa apenas 2% dos siameses. Havia também união de parte do tórax, abdômen, bacia, fígado, intestinos delgado e grosso e genitálias.
As meninas são acompanhadas desde o primeiro ano de vida. Elas já passaram por outra cirurgia em março de 2022, quando foi colocado expansores de pele, para que fosse possível realizar a separação.
Valentina e Heloá são naturais de Guararema, cidade do interior de São Paulo e estão em tratamento em Goiânia há dois anos. Após o início do acompanhamento médico feito por Zacharias Calil, os pais das crianças decidiram se mudar para Morrinhos, na região sul de Goiás, para facilitar o deslocamento até o HECAD.
Pós-operatório
Após a separação, o médico explica que as meninas precisarão de um acompanhamento por anos e até mesmo outras cirurgias. “A cirurgia gera uma catástrofe no organismo dessas pacientes. Eles se comunicam, dividem os mesmos metabólitos, mesma pele. Tudo isso causa um estresse. Quando fazemos a separação, já podemos perceber quando há alterações”.
Zacharias Calil explica que o pós-operatório é tão importante quando a própria cirurgia e que as meninas serão acompanhadas de forma intensa na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com uma equipe preparada especialmente para o acompanhamento dessas crianças.
Após a liberação do período mais crítico, as meninas serão levadas para a enfermaria da unidade.