Segundo a Polícia Civil, José Domingos relatou aos detentos do presídio, onde está preso preventivamente, como cometeu o crime. Corpo da criança ainda não foi encontrado.
O padrasto de Pedro Lucas, criança de 9 anos desaparecida há mais de quatro meses, foi indiciado por matar e ocultar o corpo do menino, em Rio Verde, no sudoeste do estado. Segundo a Polícia Civil, José Domingos Silva Santos, de 22 anos, chegou a relatar com detalhes aos detentos do presídio, onde está preso preventivamente, como cometeu o crime.
“Duas cartas recebidas dentro da CPP, escritas por presos, detonam que o Padrasto do Pedro Lucas tem dito no interior do presídio em detalhes como praticou o crime. Eles apresentaram e entregaram esse relato por escrito à direção do presídio”, disse Adelson Candeo, delegado responsável pelo caso.
José Domingos foi indiciado por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver na segunda-feira (5). O delegado ainda informou que, apesar do corpo da criança não ter sido encontrado, as investigações apontaram vários indícios da participação do padrasto no crime. O suspeito segue negando o crime para a polícia.
“A demora do padrasto e da mãe da criança em registrar a ocorrência. Eles só procuraram a polícia quatro dias depois do desaparecimento do garoto. Só foram à polícia esse dia porque o Conselho Tutelar esteve na residência e os intimou para que fizessem o registro” , afirmou Adelson Candeo.
Outro ponto que levou as investigações da Polícia Civil a indiciarem José Domingos foi a mudança repentina da logística no dia do desaparecimento, quando José foi buscar o irmão mais novo de Pedro, Davi, na escola, tarefa que, segundo o delegado, era exclusiva da criança desaparecida.
“Fato que também demonstrou a participação do padrasto no crime, é que ele foi buscar o Davi [na escola], irmão menor do Pedro Lucas. Essa era uma tarefa que incumbia exclusivamente ao Pedro”, disse o delegado.
José Domingos está preso desde o dia 8 de janeiro, quando teve a prisão decretada após as investigações da polícia encontrarem vestígios de sangue na casa onde o garoto morava. O padrasto teve a prisão prorrogada pela Justiça por mais 30 dias, para impossibilitar a interferência do suspeito nas investigações.
A Polícia Civil confirmou que a ossada encontrada a 5 km de distância da casa da família de Pedro Lucas Santos, de 9 anos, não é do menino desaparecido.
Segundo o delegado Adelson Candeo, a ossada encontrada no dia 8 de janeiro, às margens do córrego Abóbora, é de um adolescente de 16 anos. Francisco Carlos Silva estava desaparecido desde 23 de novembro de 2023. Dois irmãos suspeitos da morte foram presos.
Apesar da ossada não ser de Pedro Lucas, Candeo afirmou que o caso continuaria sendo investigado. “A polícia continua buscando informações a respeito da localização do corpo do menino”, disse. As buscas pelo corpo do menino foram retomadas pelo Corpo de Bombeiros no último dia 29 de janeiro, mas sem sucesso.No dia 18 de dezembro, a Polícia Científica fez perícia com reagentes químicos na casa da família e alguns vestígios de sangue foram encontrados
O sangue encontrado na casa da família de Pedro Lucas, desaparecido desde novembro de 2023, não é dele. Segundo o delegado responsável pelo caso, os DNA’s colhidos nas amostras não coincidem com nenhum dos moradores da casa ou com o pai biológico do menino.
“De todos os ambientes em que foi aplicado luminol e que foi dado algum resultado positivo, apenas em dois locais foi colhido um DNA coincidente com um DNA humano. Um deles no quarto e no outro na cozinha. O do quarto se constatou ser um DNA do tipo feminino e na cozinha do tipo masculino”, explicou o delegado.
Pedro Lucas Santos foi visto pela última vez no dia 1º de novembro. Segundo as investigações, o menino saiu de casa, levou o irmão mais novo até a escola e seguiu para a escola em que estudava, onde assistiu às aulas.
A polícia divulgou um novo vídeo do menino no dia em que ele desapareceu. Na filmagem, Pedro Lucas conversa com uma amiga perto da casa onde ele morava. Além disso, imagens de câmeras de segurança também registraram ele andando próxima a casa da família
A mãe do menino, Elisângela Pereira dos Santos, chorou ao falar sobre o sumiço do filho e contou que sonha diariamente com o menino. Em entrevista, ela disse acreditar que o menino esteja vivo.
“Eu sonho com ele todos os dias. Que meu filho vai aparecer no portão e chamar ‘mamãe’. Meu filho não está morto, não. Meu filho está vivo. Eu creio, porque sou mãe e sei”, desabafou a mãe.