Dentista é indiciado por exercício ilegal da medicina e lesão corporal após paciente perder parte do nariz depois de cirurgia estética

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O dentista Igor Leonardo Soares Nascimento foi indiciado pela Polícia Civil por exercício ilegal da medicina e por lesão corporal após uma paciente denunciar que perdeu parte do nariz depois de fazer um procedimento estético com ele em Aparecida de Goiânia, Região Metropolitana da capital. A cirurgia feita, conhecida como alectomia, usada para afinar o nariz, não pode ser feita por dentistas. A vítima precisou fazer diversas cirurgias para reconstrução e ficou com cicatrizes.

O dentista Igor Leonardo disse que o problema não foi decorrente da cirurgia, e sim uma síndrome desenvolvida após uso de medicamentos, o que causou a necrose. Ele afirmou ainda que deu todo atendimento à paciente.

A esteticista Elielma Carvalho Braga fez o procedimento em junho de 2020, após ver anúncios do dentista na internet falando que fazia a alectomia. Inicialmente, ela acreditou que o procedimento tinha dado certo. Porém, nos dias seguintes, ela começou a sentir fortes dores e alterações no rosto.

“Meu rosto começou a queimar. No outro dia ficou cheio de bolha, como se fosse queimadura”, contou.

 

m julho de 2022, Elielma decidiu denunciar o caso publicamente. Ela teve uma necrose no lado direito do nariz. Após perder parte da pele, precisou fazer mais de dez cirurgias e ficou com cicatrizes, abalando sua autoestima.

“Eu tenho vergonha, porque a gente faz uma coisa para melhorar um pouco e a pessoa faz isso. Ele destruiu minha autoestima. Eu choro, não é fácil o que eu vivo hoje”

Investigação

 

A Polícia Civil disse que o inquérito contou com documentos dos conselhos, tanto regionais quanto federais, de Odontologia e Medicina, além de exames das lesões da vítima. A investigação apontou que o dentista, mesmo não tendo a formação necessária, fez a cirurgia e causou uma lesão corporal gravíssima na paciente.

Além disso, por fazer um procedimento cirúrgico exclusivo para médicos, foi indiciado por exercício ilegal da profissão.

Por fim, a polícia disse que o dentista fazia os procedimentos de maneira habitual e que, em 2021, foi registrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) contra ele pelo mesmo crime.

A alectomia é feita para reduzir as asas nasais. A técnica é, teoricamente, simples: com uma anestesia local, o profissional corta um pedaço dessas estruturas que circundam as narinas e fecha com pontos.

O Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) disse na época da denúncia que o procedimento é um ato médico e, portanto, “deve ser realizado apenas por médicos”. A entidade disse o combate ao exercício ilegal da medicina tem sido feito com rigor.

O Conselho Regional de Odontologia informou, também em 2022, que “os cirurgiões-dentistas têm autorização para a realização de procedimentos estético-faciais, desde que não sejam cirúrgicos puramente estéticos” e que a alectomia nunca esteve entre os procedimentos listados como permitidos para cirurgiões-dentistas.

Já uma resolução de agosto de 2020 proibiu expressamente a realização de alectomia por dentistas.

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