Corte do país julga soldado russo acusado de ter assassinado um civil ucraniano de 62 anos. Governo ucraniano diz ter identificado 10.000 crimes de guerra cometidos pelas tropas russas.
O primeiro julgamento na Ucrânia por crime de guerra desde o início da invasão russa foi iniciado na tarde desta sexta-feira (13). Uma Corte ucraniana julga um soldado russo capturado e acusado de ter atirado contra um civil.
Na primeira sessão, o próprio réu e testemunhas do episódio estão sendo ouvidas. O soldado acusado, Vadim Shishimarin, tem 21 anos e confirmou que ele estava na Ucrânia lutando pelas tropas russas, mas não foi perguntado ainda se ele confirma que atirou contra um civil.
Segundo a denúncia da Procuradoria-geral da Ucrânia, Shishimarin atirou de um carro contra um ucraniano de 62 anos que andava em uma rua do vilarejo de Chupakhivka, nos arredores de Kiev, em 28 de fevereiro, apenas quatro dias após o início da invasão russa na Ucrânia. Se condenado, ele pode pegar prisão perpétua.
Ainda de acordo com a acusação, o soldado e mais três militares russos que o acompanhavam roubaram o veículo em que estavam de outro civil para fugir de tropas ucranianas. No caminho, passaram pela vítima, que andava de bicicleta e falava ao telefone.
“As rodas da Justiça começaram a girar, e este processo vai semear resultados”, declarou a procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova, sobre o julgamento.
A próxima sessão do julgamento acontecerá na semana que vem, quando Shishimarin será ouvido sobre o crime pelo qual é acusado.
O caso é o primeiro de ao menos 10.000 suspeitas de crimes de guerra que a Ucrânia disse ter identificado desde o início dos ataques da Rússia ao país.
Na quinta-feira (12), o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas aprovou a abertura de investigação sobre suspeitas de violações cometidas por tropas russas na Ucrânia. No mesmo dia, militares da Rússia foram flagrados por câmeras atirando nas costas de civis ucranianos que caminhavam na rua e morreram.
A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, disse que há inúmeros exemplos de casos suspeitos de crimes de guerra e que, até agora, enviados da ONU já encontraram cerca de mil corpos nos arredores de Kiev.