Gustavo Najjar tem 37 anos e também trabalha com harmonização facial. Ele ainda é suspeito de importunar sexualmente outras sete mulheres.
Um laudo elaborado do Instituto de Médico Legal (IML) da Polícia Civil do Distrito Federal, concluído nesta semana, confirma que uma das vítimas do dentista Gustavo Najjar, de 37 anos, sofreu lesão corporal compatível com abuso sexual
Além disso, o exame também atestou a presença de espermatozoides no material biológico colhido da vítima. Outro procedimento detectou a presença de espermatozoides também nas roupas da mulher.
Os dois materiais biológicos foram encaminhadas ao Instituto de Pesquisa e DNA Forense (IPDNA) e serão confrontados com o material genético que foi colhido do investigado após sua prisão.O dentista especialista em harmonização facial foi preso no dia 12 de setembro. Ele também é suspeito de importunar sexualmente outras sete mulheres.
A primeira vítima, de 33 anos, disse ter sido molestada durante uma consulta de avaliação para realizar o procedimento de harmonização no rosto. Segundo a mulher, o dentista pediu que ela mostrasse todas as outras cirurgias estéticas que já havia feito.
Ainda de acordo com ela, após olhar todo o corpo da vítima, Najjar deu um tapa em suas nádegas. Depois, a agarrou e a estuprou.
Segundo a 5ª DP, o IML constatou que havia presença de vestígios de violência sexual e que o ziper da calça da mulher tinha sido arrebentado.
A segunda vítima, de 31 anos, contou ter sido abusada em dezembro de 2022, durante um curso ministrado pelo dentista em Fortaleza, no Ceará.
De acordo com a Polícia Civil do DF, Gustavo Najjar pediu para a vítima ficar dentro da sala de aula durante o intervalo do curso, para que ele pudesse avaliar uma cirurgia que ela havia feito nos seios. Ele informou, segundo a investigação, que a avaliação seria “estritamente profissional”.
No entanto, o dentista pegou o seio da vítima e passou a acariciá-lo. A mulher disse que tentou deixar a sala, mas foi impedida pelo dentista, que a segurou e tentou beijá-la. Ele só liberou a mulher quando ela disse que estava calma.
A terceira vítima que procurou a polícia tem 44 anos e disse ter sido abusada em 2020, no consultório de Najjar, durante um procedimento estético. Ela afirmou aos policiais que foi medicada para fazer um procedimento e ficou “lenta”.
De acordo com ela, o dentista também perguntou se ela tinha colocado silicone e se tinha ficado com alguma flacidez. A vítima disse que estava confusa com a medicação ingerida e não se recorda de como as coisas foram acontecendo, mas se recorda de estar em pé, em frente a um espelho, com o autor a abraçando por trás com as mãos em seus seios.
Outras quatro vítimas entraram em contato com a delegacia de forma anônima e não quiseram se identificar. Segundo o delegado, foram abusadas e não querem denunciar pois tem medo de “repercussão social, da família e profissional”.
“Mesmo assim procurem a delegacia, registrem ocorrência policial, façam a denúncia contra ele para estar reforçando e fortalecendo outras mulheres”, diz o delegado.
‘Modus operandi’
O dentista, de acordo com a polícia, não realizava mais consultas odontológicas, apenas procedimentos estéticos como harmonização facial. O delegado destaca que Gustavo Najjar tinha um modus operandi que se repetiu na maioria dos casos. Veja abaixo:
O homem está na carceragem da PCDF. A prisão temporária vale por 30 dias, mas pode ser convertida para preventiva, sem prazo determinado.
Segundo o delegado, se o dentista for condenado pelas penas máximas dos crimes de estupro, estupro de vulnerável e importunação sexual, ele pode cumprir até 35 anos de pena.
Em nota, o Conselho Regional de Odontologia do Distrito Federal (CRO-DF) afirmou que repudia “qualquer manifestação de violência, sobretudo quando se trata de alegações de abuso sexual”.
O conselho informou ainda que não foi notificado oficialmente sobre o caso e que, assim que receber a notificação, “realizará a apuração minuciosa, rigorosa e imparcial dos fatos, assegurando aos envolvidos todas as garantias constitucionais e legais”.