Em audiência de custódia, nesta quinta-feira (7), Justiça converteu prisão em flagrante de José Marcos Rodrigues Coutinho, de 60 anos, em preventiva, ou seja, por tempo indeterminado. Mulher foi violentada e impedida de deixar a casa do pai após 19 anos sem se encontrarem.
A Justiça do Distrito Federal converteu em preventiva — por tempo indeterminado — a prisão de José Marcos Rodrigues Coutinho, de 60 anos, suspeito de estuprar a filha, de 29 anos, e mantê-la em cárcere privado. A decisão foi tomada em audiência de custódia, nesta quinta-feira (7).
O laudo preliminar feito pelo Instituto de Medicinal Legal (IML) constatou as lesões decorrentes do crime de estupro. Agora, os investigadores aguardam o resultado do material genético colhido na vítima que também aguarda a Justiça determinar medidas protetivas.
O crime foi descoberto nesta quarta-feira (6), quando pai e filha foram a um posto do Na Hora, em Taguatinga, para que ela fizesse um documento de identidade. No local, a mulher conseguiu pedir ajuda e José Marcos acabou sendo preso em flagrante.
Violência sexual e cárcere privado
A mulher violentada pelo pai mora no Peru há 14 anos, onde casou e tem dois filhos. Ela disse à polícia que veio ao Brasil para atualizar documentos e resolver questões relacionadas ao falecimento da mãe.
Ela chegou no dia 1º de abril e estava hospedada na casa de um parente. No entanto, o pai foi visitá-la e pediu para que fosse para a casa dele.
Em depoimento à polícia, a vítima contou que havia visto o pai apenas uma vez, aos 10 anos, quando ele estava preso no Complexo Penitenciário da Papuda. Na semana passada, ela aceitou passar alguns dias com José Marcos.
No dia do crime, ela disse que o pai a levou para um bar. Depois, ao retornarem para a casa dele, ela contou que foi dormir e acordou, de madrugada, com o pai “fazendo sexo anal” nela.
Ela disse que chegou a lutar com ele para impedir o ato, mas foi ameaçada com facas e facões. Segundo a polícia, José Marcos também tem conhecimento de artes marciais e usou golpes contra a filha.
Conforme a mulher, desde a sexta-feira (1º), quando chegou a casa do pai, no Gama, os abusos ocorreram todos os dias. O homem também a impedia de sair de casa sem que ele estivesse junto e monitorava o uso do telefone celular.
Na quarta-feira (6), a jovem convenceu o pai de que precisava fazer uma nova carteira de identidade. No meio do caminho, porém, a moto de José Marcos quebrou e ele deixou a filha ir sozinha até o posto do Na Hora, em Taguatinga.
Ao chegar no local, ela relatou os abusos e pediu ajuda. A Polícia Civil foi chamada.
José Marcos foi preso quando descia de um ônibus, para buscar a filha no posto do Na Hora. Na casa dele, foi feita uma perícia para encontrar provas do estupro.
A vítima, além de fazer os exames no IML, tomou medicação para evitar a gravidez e coquetéis antirretrovirais para impedir o contágio de doenças sexualmente transmissíveis.
José Marcos Rodrigues já tinha passagem pela polícia por homicídio, latrocínio, roubo, violência doméstica, ameaça e, inclusive, por cárcere privado. Na vizinhança, ele é visto como uma “pessoa perigosa”.
“Ele é um indivíduo violento e estamos investigando outros crimes que ele cometeu, mas que as vítimas ficaram com medo de registrar ocorrência”, diz o delegado William Andrade Ricardo, da 14ª DP (Gama).