Um dos presos suspeitos pelo desaparecimento de oito pessoas da mesma família no Distrito Federal afirmou que Thiago Gabriel Belchior de Oliveiramarido da cabeleireira Elizamar Silva, e Marcos Antônio Lopes de Oliveirasogro de Elizamarencomendaram a morte de duas das vítimas para tomar o dinheiro adquirido com a venda de uma casa e o valor fruto de empréstimo que estava em uma conta bancária. A informação foi dada pela Polícia Civil do DF na noite desta terça-feira (17).

Segundo o delegado Ricardo Viana, da 6ª Delegacia de Polícia do Paranoá, um dos homens presos por envolvimento no crime, Horácio Carlos Ferreira Barbosa, de 49 anos, contou que ele e Gideon Batista de Menezes, de 55 anos, receberam R$ 100 mil para matar a cabeleireira, os três filhos — Gabriel, de 7 anos, e os gêmeos Rafael e Rafaela, de 6 anos —, a sogra e a cunhada da mulher.

As crianças também eram filhas de Thiago e netas de Marcos Antônio. As outras duas vítimas são a mãe e a irmã de Thiago, esposa e filha de Marcos Antônio.

Thiago Gabriel Belchior de Oliveira, de 30 anos, e Marcos Antônio Lopes de Oliveira, de 54 anos, apontados como mandantes do crime, estão desaparecidos.

Além disso, a polícia afirmou que, em depoimento, Horácio contou que outras duas pessoas participaram do crime: uma amante de Marcos e a filha dessa mulher. As duas também são consideradas desaparecidas.

Gideon, que foi preso na manhã desta terça, ficou em silêncio, segundo o delegado.

Um terceiro suspeito também foi detido. O homem foi identificado como Fabrício Silva Canhedo, de 34 anos, e, segundo a investigação, ele foi responsável por vigiar parte das vítimas, que foram mantidas em um cativeiro.

O crime

 

A Polícia Civil disse que Horácio contou que a ideia era atrair Elizamar ao Paranoá para que o crime fosse cometido. No entanto, Thiago, o marido da cabeleireira – que pediu para a mulher buscá-lo na região – não sabia que ela estava com as crianças.

“Por conta disso, a dinâmica do crime mudou”, disse o delegado. Segundo ele, o objetivo era subtrair uma quantia em dinheiro que a mulher guardava em uma conta bancária e matá-la, em seguida.

Como as crianças estavam no carro, Marcos Antônio (avô das crianças), Thiago (pai das crianças), Gideon e Horácio (os homens contratados para cometer o crime) levaram as vítimas para Cristalina (GO). No local, todos foram sufocados, e os criminosos atearam fogo no veículo, segundo o depoimento do suspeito.

De acordo com o delegado, Horácio afirmou que Elizamar tentou resistir, mas foi enforcada. Segundo o suspeito, Thiago teria matado um dos próprios filhos antes de atear fogo no carro da família.

Corpos ainda não foram identificados

 

O delegado Ricardo Viana afirmou que os corpos das vítimas ainda não foram identificados pelo Instituto Médico Legal (IML), mas que “tudo leva a crer” que são de Elizamar, das três crianças, de Renata e de Gabriela.

Viana disse que vai aguardar o resultado dos exames e que os policiais continuam procurando Thiago e Marcos Antônio. Segundo a polícia, quem tiver informações sobre os suspeitos pode entrar em contato pelo telefone 197As denúncias podem ser feitas de forma anônima.

Veículos com corpos carbonizados

 

O caso é investigado pelas polícias civis do DF, de Goiás e de Minas Gerais, onde dois carros da família foram localizados. Um dos carros, identificado como sendo o de Elizamar Silva, foi encontrado em Cristalina (GO), no Entorno do DF, na sexta-feira (13).

Quatro cadáveres estavam no automóvel e foram reconhecidos por parentes como sendo da cabeleireira e dos três filhos. No entanto, ainda não há confirmação oficial da polícia.

Segundo a Polícia Civil de Goiás, os corpos foram encaminhados para Goiânia e vão para uma unidade especializada na análise de ossadas e material genético. Mas ainda não há previsão para o resultado da identificação.

O segundo veículo pertence a Marcos Antônio Lopes de Oliveira, pai de Thiago e sogro de Elizamar. O carro foi encontrado queimado na BR-251, em Unaí (MG), no sábado (14), com dois corpos dentro. Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais, os corpos também não foram identificados.