Advogada da jovem explica que cliente tentou reaver um altar que ela tinha ganhado em uma doação da comunidade há 3 anos. Polícia Civil diz que vai instaurar inquérito para apurar o caso.
“No processo de saída dela, com o intuito de evitar esse desligamento, o sacerdote disse a ela que para ter acesso a esse altar religioso ela deveria pagar R$ 9 mil reais”, explicou a advogada.
“O altar, para ela, era como fosse a representação material de sua própria vida”, acrescentou a advogada sobre o valor religioso do objeto para a cliente.
A defesa do pai de santo disse que até o momento, não tiveram acesso ao teor das denúncias registradas em desfavor do pai de santo e que estão trabalhando para obter as informações necessárias e assegurar os direitos dele
Um boletim de ocorrência foi registrado na Polícia Civil pela professora no último dia 10 de novembro. A Polícia Civil informou que um inquérito policial será instaurado para apurar os fatos.
Para explicar o valor religioso que o altar tinha para a professora, a advogada contou que, quando ela descobriu que não poderia levá-lo embora da comunidade, “sentiu desespero, medo, angústia”.
“Conforme a crença dela, [o altar] devia ser mantido sob cuidados, e que a depender do tratamento dispensado, poderia tanto trazer à vida dela coisas boas, quanto coisas ruins”, explicou Jéssica.
A advogada ainda explicou que a professora acreditava que, “se o sacerdote enterrasse em determinados lugares, quebrasse, depositasse lá dentro [do altar] determinados elementos”, ela ou seus familiares poderiam ter consequências ruins.
Jéssica detalhou que, em meio ao desespero, a professora até mesmo procurou, sem sucesso, por empréstimos para pagar o valor exigido pelo pai de santo.
“Ela chegou a procurar amigos para avessar empréstimos a fim de pagar o valor, contudo, a quantia era alta e ela não conseguiu obter êxito”, disse.
Em nota, Carmen Silva Waldemar Pinto, vice-presidente da Federação de Umbanda e Candomblé do Estado de Goiás (Fuceg), explicou que o suspeito não faz parte da Fuceg. Já quanto ao caso da suspeita de extorsão, quanto o do estudante que acusou o pai de santo, a vice-presidente disse que o julgamento compete às autoridades competentes.
“A federação existe, mas a pessoa pode optar por não fazer parte dela. A federação existe para dar suporte. Funciona como uma espécie de plano de saúde, você opta por ter ele ou não. Ele não faz parte, mas é acolhido pela federação também”, explicou.
Após ataques nas redes sociais por conta da divulgação do caso, Carmen disse que repudia qualquer discriminação e intolerância religiosa
“Eu, como vice-presidente da Federação de Umbanda e Candomblé do Estado de Goiás e também presidente da Associação de Zeladores de Anápolis, venho repudiar os ataques discriminatórios que estamos sofrendo nas redes sociais. Este caso em questão é um caso isolado que compete às autoridades competentes julgar. Nós repudiamos qualquer ataque de intolerância religiosa. Até as investigações serem feitas, não podemos jugar, muito menos um seguimento religioso que não tem nada a ver com o acontecido. Deixo aqui a minha indignação com estes ataques e vamos tomar as providências cabíveis. Agradeço pela oportunidade de expressão.”
“Confirmamos que fomos contratados para representar o “suposto acusado” mencionado na matéria em questão. No entanto, até o momento, não tivemos acesso ao teor das denúncias registradas em desfavor do nosso cliente. Estamos trabalhando diligentemente para obter as informações necessárias e para assegurar que os direitos e interesses do cliente sejam adequadamente resguardados.
Ressaltamos que, dada a natureza sensível das informações veiculadas na imprensa, consideramos prudente destacar que, conforme a legislação vigente e as normas éticas que regem a nossa profissão, o conteúdo das investigações está sujeito a “sigilo”. Essa medida visa evitar prejuízos desnecessários à imagem das pessoas envolvidas no processo, considerando que ainda não há notícia do encerramento das investigações.
Reiteramos nosso compromisso com a transparência e colaboração, assim que tivermos acesso às informações pertinentes, estaremos prontos para cooperar com as autoridades competentes e, se necessário, prestar os esclarecimentos pertinentes à imprensa. Até lá, contamos com a compreensão e respeito pela presunção de inocência, princípio fundamental em qualquer sociedade democrática.”