Pelo menos 18 alunos, entre 13 e 18 anos, denunciaram o professor em Anápolis.,. Os crimes aconteceram na escola e durante caronas oferecidas por ele, conforme mostrou a investigação. A apuração da polícia indicou que o professor fez sexo oral em um aluno autista, de 17 anos, e em outro menor, ambos durante caronas, crimes que configuram “estupro de vulnerável”.
Além disso, os alunos denunciaram que Pedro chegou a mandar que todos os meninos ficassem de cueca dentro do vestiário para “medir a envergadura” deles. Outro relato comum entre as vítimas é a “massagem” para liberar os músculos.
Durante as “massagens”, o professor apalpava o corpo dos menores e, nas meninas, chegava a dar tapas nas nádegas, segundo o delegado. Pedro é suspeito de cinco crimes; veja abaixo os detalhes das denúncias de cada um deles.
Jorge Bezerra explicou que os crimes de estupro de vulnerável aconteceram, sempre de formas escondidas, durante caronas que o professor ofereceu aos alunos. Em dois alunos, o professor fez sexo oral, segundo o delegado.
“Tem um menor, que era aluno dele, de 17 anos, que possui autismo. [Pedro] também praticou várias condutas graves com ele. Inclusive manipulou os órgãos genitais dele”, contou.
Duas alunas também denunciaram o professor por casos que aconteceram durante as caronas.
“Ele deu carona a uma menina de 16 anos e antes de chegar próximo à casa dela, parou, foi para cima dela com tudo, passando a mão na [parte íntima] dela, tentando beijá-la. Com sorte, o celular dela tocou e imediatamente ela saiu do carro”, descreveu.
“Sem qualquer tipo de aviso, ele perguntou a uma aluna se ela confiava nele. Ela falou que confiava. Antes que ela pudesse dar alguma resposta, ele imediatamente colocou a mão nos seios dela. Por sorte, também, uma pessoa passou na frente do carro, ele se assustou e ela saiu e foi embora a pé”, completou.
De forma unânime, os menores citaram as massagens feitas pelo professor, que seriam para liberação dos músculos. No entanto, ele tocava nas partes íntimas dos alunos.
“Ele começava ali nas coxas. Em alguns alunos ele chegava a tocar na virilha dos garotos e na virilha das garotas. Quanto às meninas, ele fazia o mesmo procedimento, só que, além disso, quando ele fazia a massagem nas costas, ele sempre dava pelo menos três tapas nas nádegas”, disse.
Jorge Bezerra explicou que Pedro Paulo também é investigado por “posse de material pornográfico envolvendo adolescentes”. A investigação indicou que a foto não foi tirada por ele, era vazada, mas ele tinha em seu celular e mostrou aos estudantes.
“São relatos de vários estudantes. Alguns que nem estudam na mesma classe. Disseram que ele mostrou uma foto de um aluno nu para outros estudantes”, disse.
Homofobia e submissão a criança ou adolescente a vexame, ou constrangimento
Outros crimes que Pedro é investigado são a homofobia e a submissão a criança ou adolescente a vexame, ou constrangimento. Segundo o delegado, o professor usava termos pejorativos e discriminatórios para tratar a sexualidade dos alunos.
“Ele constrangia algumas vítimas utilizando termos chulos referentes à sexualidade, ainda que as vítimas não fossem homossexuais ou, sendo homossexuais, chamava de ‘gay’, ‘bicha’…”, completou.
Além disso, Pedro incentiva alunos heterossexuais a terem relações homossexuais, segundo o delegado.
“Ele falava a algum aluno, que por várias vezes afirmou ele que era heterossexual, que ele devia ficar com outro garoto. Chegando inclusive a oferecer carona para ambos, para que pudessem ter relações no meio dele”, afirmou.
As denúncias revelam que o professor tinha condutas incompatíveis com a profissão, como tratar abertamente da vida sexual dele e dos alunos, de 13 a 18 anos e ainda contar sobre suas “aventuras sexuais”. Além disso, ele fazia comentários sexuais acerca dos estudantes.
A uma das alunas que fazia vôlei, Pedro fez comentários acerca dos órgãos genitais. Inclusive sugerindo que ela estava excitada por ver um menino praticar o esporte.
“Ele chegava a projetar a cabeça bem próximo à virilha das meninas e falava assim: ‘A sua [parte íntima] tá marcando’. Foi unânime esse comentário para meninas diferentes”, falou o delegado.
Constrangimentos não faltavam nas aulas, com base nas denúncias das vítimas. Elas contaram, inclusive, que o professor mostrava vídeos pornográficos aos alunos.
“Ele mostrava vídeos pornográficos aos alunos, tanto homossexuais quanto heterossexuais”, finalizou.
O delegado explicou que a investigação começou após a escola descobrir sobre os crimes, por conta das denúncias dos alunos.
“Alguns alunos foram à direção para reclamar da liderança do Pedro Leandro com certas questões no time. Por exemplo, por não colocar todo mundo para jogar ou privilegiar certos alunos no jogo. Só que lá, uma pessoa se sentiu incomodada e falou: ‘Não, não é só isso, ele também fez isso comigo’, e acabou revelando uma dessas condutas”, explicou o delegado.
Após a fala do primeiro aluno, outros estudantes também denunciaram o professor. Pedro foi preso no dia 15 deste mês, em Goiânia. O homem passou por audiência de custódia e permanece detido.
Na casa do treinador, os policiais apreenderam aparelhos eletrônicos para periciar, pois, uma das vítimas disse que ele mostrou foto de outro estudante nu a ela.