A Polícia Civil prendeu sete homens e duas mulheres suspeitos de envolvimento em um golpe de financiamento de motos, em Goiânia. As investigações constataram que o grupo operava como uma “escola de fraudes”, com métodos documentados para enganar as vítimas e conseguir dinheiro.
O grupo criava perfis falsos na internet com anúncios de motos. As negociações começavam nas redes sociais, mas para passar mais confiança, as vítimas eram convidadas a irem até a sede da empresa, no Setor Oeste, bairro nobre de Goiânia.
Na empresa, as vítimas eram persuadidas a pagar um valor de entrada pelo suposto financiamento, que não existia. A polícia identificou 75 vítimas do golpe, cada uma com um prejuízo médio de R$ 2 mil. O prejuízo total das vítimas chega a R$ 150 mil.
“Eles começam com uma oferta atrativa no marketplace do Facebook, pegam o contato da vítima, e a conversa passa a ser pelo WhatsApp, sempre com perfis falsos. Enviam catálogos de sites para dar uma maior verossimilhança, e a pessoa escolhe o veículo, geralmente com valores muito baixos. As vítimas são convidadas a irem à empresa, onde fecham o negócio, pagando na hora com cartão de débito, PIX ou dinheiro, e assinam um contrato que depois é dito ser apenas uma pesquisa de crédito ou assessoria,” explicou o delegado Daniel José de Oliveira.
A costureira Gilmara Freitas foi uma das vítimas que procurou a delegacia. Um vídeo feito por ela mostra uma mulher, que segundo a polícia faz parte do esquema, fugindo da empresa após ser confrontada sobre o valor de R$ 2,5 mil perdido no golpe.
“Eu precisava da moto para trabalhar e era todo o dinheiro que eu tinha. Quando eles falaram que tinha garagem de moto, eu fui até essa garagem e não havia nada,” relatou Gilmara.
Durante as buscas, o delegado identificou uma verdadeira “escola de fraudes”, pela maneira como o esquema era organizado pelo grupo. Os atendentes eram treinados para enganar as pessoas e monitorar as vítimas.
Foram apreendidos cadernos onde os suspeitos anotavam se a vítima poderia causar problemas, como contratar um advogado ou chamar a polícia. Para não levantar suspeitas, o grupo mudava frequentemente o nome da empresa e até o endereço.
“É uma escola de fraude. Ali encontramos métodos documentados para que os atendentes seguissem e conseguissem enganar a vítima. Recolhemos uma série de documentos que indicavam o estado do cliente: ‘cliente tranquilo’, ‘cliente tem advogado’, ‘cliente procurou delegacia’. Após avaliarem o estado do cliente, despachavam para um setor específico do grupo criminoso,” detalhou o delegado.